sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Fast Life


Hoje fiquei muito triste.

Hoje pela primeira vez me apercebi que o conceito de "aldeia" onde eu cresci, já não existe mais.  Nós crescemos, envolvemo-nos na nossa vida e deixamos de viver a vida num conceito global.
O vizinho que saudamos todos os dias e a ajuda mutua já não existe.

Vivemos no mesmo prédio e temos dias que não nos cruzamos com a vizinhança. O "bom dia" e "boa tarde" são ditos numa correria e quando temos a sorte de encontrar pessoas suficientemente educadas para isso. As portas fecham-se e passamos a viver a nossa vida, que de vez em quando são interrompidas com o barulho de um tacão ou um grito inoportuno no andar de cima.
O conceito de vizinhança mudou e eu sinceramente não gosto, não fui habituada a viver assim! Aprendi a partilhar os legumes do campo e a levar uma dúzia de ovos à vizinha pois as galinhas "puseram muitos".
É claro que muitas vezes evitamos fofocas, e muitas vezes problemas mas esta entreajuda sempre me foi mais positiva que negativa, confesso! Se calhar outros tempos que não voltam mais.

Hoje fiquei triste pois soube que o meu vizinho faleceu. Há quase um mês, tenho de dizer...
Sabíamos que estava doente (cancro) que já estava num lar de cuidados continuados mas não soubemos quando faleceu... fiquei chocada, confesso.
Posso justificar dizendo que nunca mais encontrei a filha no hall de entrada, que faleceu no período em que estávamos com a Sabrininhas no Hospital internada, que estava completamente absorvida pelos meus problemas mas...

Mas a verdade é que aquele senhor simpático, o vizinho que nos recebeu com um sorriso nos lábios quando nos mudamos para o apartamento ao lado do dele, aquele com quem falávamos das crianças e víamos um orgulho nos olhos de avô, esse senhor faleceu e eu não soube... como é possível?

Hoje fiquei triste mesmo muito triste, com este mundo moderno, com este modelo de vida que vivemos todos os dias, hoje fiquei triste comigo mesma... 




4 comentários:

  1. O viver na aldeia dá-nos isso. Pelo menos aqui onde vivo é assim mesmo, claro que depois há quem se meta na vida de quem não deve, mas os prós são muito mais. Tenho vizinhos óptimos, amigos, dá-mos coisas uns aos outros, cultivos, ou um pedaço do bolo que se fez, uns ovos, ou umas alfaces. E depois estão lá no que for preciso, no carro que avaria e precisa-se de ajuda, na boleia que se precisa, etc, tanta coisa que podia falar e claro nesses maus momentos as noticias correm depressa.
    Lamento o que aconteceu principalmente no só saberes mais tarde e nesse quebrar de laços que pode existir com quem dorme bem ali do lado, nem que seja noutra casa, noutra vida.
    Um beijinho

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  2. No outro dia estava a pensar exactamente sobre isso, estando agora nesta cidade tão mas, tão pequenina e quase de partida estava a pensar no quão impessoal é a vida nas cidades grandes, o quanto acabamos por perder o contacto com os que nos rodeiam, eu não faço ideia de quem são metade dos meus vizinhos em Hannover mas aqui conheço-os quase todos.

    Infelizmente o mundo está a transformar-se neste lugar em que todos estamos só de passagem sem verdadeiras ligações aos que nos rodeiam.

    Beijinhos grandes

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  3. Ohh SAV, tenho tantas saudades dessa entre ajuda que ainda há na minha aldeia em trás-os-montes.
    Ontem escrevi sobre a ultima visita que fiz lá na semana passada, e que bem me soube recordar tudo isso.
    Aqui onde vivo os vizinhos são antipáticos e depois de ter tentado ser agradável e receber caras tortas, prefiro a nossa vida moderna lol.
    Mas adoro sentir essa partilha la na aldeia.

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  4. Realmente é mesmo muito triste. Eu vivo numa aldeia e felizmente esse espírito de que falaste ainda existe por cá, e é tão bom. Não o trocava por cidade nenhuma deste país.

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🦸‍♀️

4 comentários:

  1. O viver na aldeia dá-nos isso. Pelo menos aqui onde vivo é assim mesmo, claro que depois há quem se meta na vida de quem não deve, mas os prós são muito mais. Tenho vizinhos óptimos, amigos, dá-mos coisas uns aos outros, cultivos, ou um pedaço do bolo que se fez, uns ovos, ou umas alfaces. E depois estão lá no que for preciso, no carro que avaria e precisa-se de ajuda, na boleia que se precisa, etc, tanta coisa que podia falar e claro nesses maus momentos as noticias correm depressa.
    Lamento o que aconteceu principalmente no só saberes mais tarde e nesse quebrar de laços que pode existir com quem dorme bem ali do lado, nem que seja noutra casa, noutra vida.
    Um beijinho

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  2. No outro dia estava a pensar exactamente sobre isso, estando agora nesta cidade tão mas, tão pequenina e quase de partida estava a pensar no quão impessoal é a vida nas cidades grandes, o quanto acabamos por perder o contacto com os que nos rodeiam, eu não faço ideia de quem são metade dos meus vizinhos em Hannover mas aqui conheço-os quase todos.

    Infelizmente o mundo está a transformar-se neste lugar em que todos estamos só de passagem sem verdadeiras ligações aos que nos rodeiam.

    Beijinhos grandes

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  3. Ohh SAV, tenho tantas saudades dessa entre ajuda que ainda há na minha aldeia em trás-os-montes.
    Ontem escrevi sobre a ultima visita que fiz lá na semana passada, e que bem me soube recordar tudo isso.
    Aqui onde vivo os vizinhos são antipáticos e depois de ter tentado ser agradável e receber caras tortas, prefiro a nossa vida moderna lol.
    Mas adoro sentir essa partilha la na aldeia.

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  4. Realmente é mesmo muito triste. Eu vivo numa aldeia e felizmente esse espírito de que falaste ainda existe por cá, e é tão bom. Não o trocava por cidade nenhuma deste país.

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🦸‍♀️