terça-feira, 16 de novembro de 2010

Do discurso...

Cada vez mais me convenço que nesta vida mais vale parecê-lo do que sê-lo!
Não interessa o que se faz, como se faz ou até o porquê do que se faz, o que interessa verdadeiramente é dizer que se faz, que se vai fazer assim ou "assado"!
Hoje em dia, tudo passa por ter um belo discurso adequado a cada situação em que estamos inseridos, quem souber "discursar" bem e adequadamente terá sempre uns quilómetros de distância daquele que sabe executar bem. Parece que estamos num constante marketing na nossa vida, seja no emprego ou mesmo com amigos.

O politicamente correcto segue-nos como uma sombra num dia de sol. Sabemos bem o que é socialmente aceite ou não, o que nos integra, o que fica bem dizer nesta ou naquela situação. Nem que isso não seja aquilo que somos, mas socialmente fica bem.
O que me alegra é que tenho a certeza que ainda existe quem tem "espinha dorsal" e não se deixam levar por uma sociedade tão parva e fútil como esta que nos exige tais comportamentos!

Muito gosto de ouvir: ah eu gosto muito do meu emprego, desafia-me todos os dias, não tenho um dia igual ao outro! Sim, sim! De certeza que é um emprego como qualquer outro, mas admitir que se tem dias de m*** e se detesta o chefe ou que se passa o dia a dizer palavrões... não é socialmente correcto!
Ou então, que parvoíce, não se querer estudar mais só porque se tirou um curso superior! Claro, o correcto seria dizer, eu quero muito continuar a me actualizar e o meu objectivo é tirar o mestrado, e quando for mais madura quero já ter entrado no doutoramento.

Uma mulher que hoje em dia diga que gostaria de ficar em casa a tratar dos filhos, mesmo pelas outras mulheres, seria olhada como "vazia" (que horror, não quer trabalhar, que vida parva)! Uma mulher (ou homem) para o serem, têm de construir uma carreira.
Esquecemo-nos muitas vezes que "parva" é uma vida sem horários para a família, sem tempo para gozar aquilo que se ganha, e muitas vezes passar 15 horas do nosso dia num sitio onde nem sequer gostamos das pessoas com quem estamos a partilhar o espaço!

Li há dias num blog que o filho mais velho quando lhe perguntavam se gostava de ler, ele dizia logo que sim! Corrigindo a mãe ao dizer que ele já não era parvo nenhum para saber que o correcto é se dizer que gosta, pois ele detesta ler! E é assim mesmo, aprende-se adequar o discurso para que sejamos socialmente mais aceites!

O que custa nesta sociedade é ser-se verdadeiro, acho que é como ser pais, o que custa na educação de uma criança é se dizer Não, custa e dá muito mais trabalho! Utilizar frases feitas e politicamente correctas, essas são do mais fácil que há, e surpreendentemente resultam (nesta sociedade, claro)!

Claro que existem pessoas que só gostam de trabalhar, que gostam mesmo muito de ler, de estudar a vida toda e só temos de admirar, mas nunca admirar menos quem tem os "tomates" para assumir as suas escolhas e que sabem dizer "eu não gosto disto" apesar da "carneirada" (no sentido de rebanho) toda dizer que gosta!

Sei que nunca irei muito longe no que respeita a subir seja socialmente ou laboralmente com este tipo de discurso (nem quereria). Sou demasiadamente transparente nestas coisas, sou frontal e muitas vezes isso já me trouxe dissabores... mas não gosto do politicamente correcto só porque o é! As minhas escolhas são as minhas escolhas e assumo aquilo que digo e faço.
Mas quem gosta de mim sabe que gosta por aquilo que eu sou e não por aquilo que eu pareço. Disso garanto-vos!

10 comentários:

  1. tb não me identifico com quem diz o contrário do que pensa. não há disso no meu grupo de amigos e a mim, é o suficiente para viver feliz, com pessoas que têm motivações diferentes, opções de vida distintas e, no entanto, sabem conversar e respeitar quem pensa de forma diferente.


    e é também por isso que as minorias nunca me assustaram.
    beijos

    ResponderEliminar
  2. Bom dia SAV
    Revejo-me completamente no seu discurso, a mim acusam-me muitas vezes de ser muito directa e muito frontal. Eu chamo isto de honestidade!! Não sou agressiva nem conflituosa atenção, simplesmente digo aquilo que penso e não sou falsa nem fingida. Tenho a sorte de puder dedicar muito do meu tempo às minhas meninas, embora trabalhe, tenho um horário reduzido. Nada me preenche mais que vê-las crescer e se tornarem umas mulherzinhas comigo a acompanhar.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  3. Na minha opinião, deveríamos ser sempre nós próprios, como tú Sav, que nos relatas todos os dias acontecimentos reais e que nos identificamos todas um pouco, pelo menos eu também gosto de ser directa e viver a vida como me faz feliz. Belo texto, adorei. Bj

    ResponderEliminar
  4. Sav, querida...
    Onde se assina?? :D

    Disseste tudo, mulher!

    **

    ResponderEliminar
  5. Não poderia concordar mais, o que eu dava agora para não ter de ir trabalhar e ficar a educar a minha filhota pelo menos até ao seu 1º aninho. Adorava e mandar a minha patroa à fava era outra das coisas que mais gostava, porque já me basta de fincar o pé aos autoritarismos dela e discutir. Gosto de trabalhar mas o que eu gostava mesmo primeiro ficar mais tempo com a minha bébe e depois abrir ou trabalhar numa empresa de eventos mas enquanto não acontece deixa-me cá gozar a licença de maternidade...bjos

    ResponderEliminar
  6. Eu digo que não me importaria de ser doméstica, caso o meu marido conseguisse sustentar a casa sozinho. Viver para a família é lindo! E viver para nós, com tempo, é do mais precioso que existe. E há tantas e tantas coisas que podemos fazer sem ter um trabalho diário. Pena esta sociedade não dar qualquer valor ao trabalho doméstico. As mulheres são logo olhadas de lado e são feitas mil e uma conjecturas.

    Eu digo o que penso, quem não gostar, que vire a cara ao lado! hehe
    Beijos *.*

    ResponderEliminar
  7. olá: sou licenciada e tenho uma carreira que me satisfaz o possível neste país de faz de conta! Não me considero burra e já fiz e participei em 1000 coisas interessante mas gostaria muito de ter um marido que ganhasse o suficiente para eu me manter em casa acompanhando os meus filhos que tantas vezes deixo (e me penitencio!!!) a falar sozinhos porque além do trabalho há sempre tanta coisa para fazer!! O trabalho de mãe não é um desperdício ou uma inutilidade e deveria ser uma opção. Se pudermos ajudar os nossos filhos a crescer com valores e melhores pessoas metade do que viemos fazer a este mundo estará feito. Bj!!!

    ResponderEliminar
  8. concordo em absoluto! ando fartinha de politiquices correctas.

    ResponderEliminar
  9. Nesta sociedade cada vez mais, ser-se carneirinho é a atitude mais sã, isto porque alguém genuino é visto como uma 'ave rara', não com a beleza da diferença mas com as características de um louco!

    São realmente as nossas escolha que mostram a nossa essência, e, como é dificil fazer uma escolha!...

    Uma tristeza, uma tristeza é só o que me apraz dizer!!

    Sou uma ave rara, um peixe fora do aquário, pois continuo a achar que a diferença é mesmo a beleza desta vida!

    Como mãe, transmito isto aos meus filhos... tento, e não vou desistir mas como é dificil, como é!...

    ResponderEliminar
  10. Já somos duas. Mas estou bem com a minha consciência e viver bem comigo é o mais importante.

    ResponderEliminar

🦸‍♀️

10 comentários:

  1. tb não me identifico com quem diz o contrário do que pensa. não há disso no meu grupo de amigos e a mim, é o suficiente para viver feliz, com pessoas que têm motivações diferentes, opções de vida distintas e, no entanto, sabem conversar e respeitar quem pensa de forma diferente.


    e é também por isso que as minorias nunca me assustaram.
    beijos

    ResponderEliminar
  2. Bom dia SAV
    Revejo-me completamente no seu discurso, a mim acusam-me muitas vezes de ser muito directa e muito frontal. Eu chamo isto de honestidade!! Não sou agressiva nem conflituosa atenção, simplesmente digo aquilo que penso e não sou falsa nem fingida. Tenho a sorte de puder dedicar muito do meu tempo às minhas meninas, embora trabalhe, tenho um horário reduzido. Nada me preenche mais que vê-las crescer e se tornarem umas mulherzinhas comigo a acompanhar.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  3. Na minha opinião, deveríamos ser sempre nós próprios, como tú Sav, que nos relatas todos os dias acontecimentos reais e que nos identificamos todas um pouco, pelo menos eu também gosto de ser directa e viver a vida como me faz feliz. Belo texto, adorei. Bj

    ResponderEliminar
  4. Sav, querida...
    Onde se assina?? :D

    Disseste tudo, mulher!

    **

    ResponderEliminar
  5. Não poderia concordar mais, o que eu dava agora para não ter de ir trabalhar e ficar a educar a minha filhota pelo menos até ao seu 1º aninho. Adorava e mandar a minha patroa à fava era outra das coisas que mais gostava, porque já me basta de fincar o pé aos autoritarismos dela e discutir. Gosto de trabalhar mas o que eu gostava mesmo primeiro ficar mais tempo com a minha bébe e depois abrir ou trabalhar numa empresa de eventos mas enquanto não acontece deixa-me cá gozar a licença de maternidade...bjos

    ResponderEliminar
  6. Eu digo que não me importaria de ser doméstica, caso o meu marido conseguisse sustentar a casa sozinho. Viver para a família é lindo! E viver para nós, com tempo, é do mais precioso que existe. E há tantas e tantas coisas que podemos fazer sem ter um trabalho diário. Pena esta sociedade não dar qualquer valor ao trabalho doméstico. As mulheres são logo olhadas de lado e são feitas mil e uma conjecturas.

    Eu digo o que penso, quem não gostar, que vire a cara ao lado! hehe
    Beijos *.*

    ResponderEliminar
  7. olá: sou licenciada e tenho uma carreira que me satisfaz o possível neste país de faz de conta! Não me considero burra e já fiz e participei em 1000 coisas interessante mas gostaria muito de ter um marido que ganhasse o suficiente para eu me manter em casa acompanhando os meus filhos que tantas vezes deixo (e me penitencio!!!) a falar sozinhos porque além do trabalho há sempre tanta coisa para fazer!! O trabalho de mãe não é um desperdício ou uma inutilidade e deveria ser uma opção. Se pudermos ajudar os nossos filhos a crescer com valores e melhores pessoas metade do que viemos fazer a este mundo estará feito. Bj!!!

    ResponderEliminar
  8. concordo em absoluto! ando fartinha de politiquices correctas.

    ResponderEliminar
  9. Nesta sociedade cada vez mais, ser-se carneirinho é a atitude mais sã, isto porque alguém genuino é visto como uma 'ave rara', não com a beleza da diferença mas com as características de um louco!

    São realmente as nossas escolha que mostram a nossa essência, e, como é dificil fazer uma escolha!...

    Uma tristeza, uma tristeza é só o que me apraz dizer!!

    Sou uma ave rara, um peixe fora do aquário, pois continuo a achar que a diferença é mesmo a beleza desta vida!

    Como mãe, transmito isto aos meus filhos... tento, e não vou desistir mas como é dificil, como é!...

    ResponderEliminar
  10. Já somos duas. Mas estou bem com a minha consciência e viver bem comigo é o mais importante.

    ResponderEliminar

🦸‍♀️